O Brasil tem mais de 350 apicultores e meliponicultores só na Zona da Mata
Em comemoração ao Dia Mundial da Abelha, cidade sedia eventos que destacam a importância do manejo sustentável de abelhas
Desde 1980, Adauto Elias se dedica à criação de abelhas. Sua paixão pela apicultura começou na época em que era aluno de uma escola agrícola e iniciou um estágio no setor. “As abelhas nos transportam para um microuniverso, cheio de detalhes, organização social, geometria, hierarquia e até altruísmo”, afirma Elias. Já se passaram mais de 40 anos, durante os quais ele cuidou de dezenas de colmeias e firmou parcerias com apicultores de diversas regiões. Atualmente, a apicultura é um dos principais setores agropecuários de Minas Gerais, com uma crescente preocupação ambiental. De acordo com a Associação dos Apicultores e Meliponicultores de Juiz de Fora e Região (Apijur), a Zona da Mata possui mais de 350 apicultores e meliponicultores.
Dados recentes mostram que a receita das exportações mineiras de produtos apícolas alcançou US$ 20,5 milhões em 2022, aproximadamente R$ 100 milhões, conforme a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater). Esse valor representa um crescimento de 25% em relação ao ano anterior. Em Juiz de Fora, o cenário é similar. Segundo a Apijur, a cidade produz anualmente 28 toneladas de mel, vendidas na região. Alex Ferreira, presidente da Apijur, destaca a variedade de produtos derivados da criação de abelhas na cidade, como própolis verde, geleia real, hidromel e cera de abelha, além do mel. “Sem abelhas, não há alimento”, enfatiza.
Ferreira reforça que a apicultura e a meliponicultura são práticas sustentáveis que ajudam a manter o ecossistema. As abelhas são fundamentais não só para a produção de mel, mas também para a polinização de cerca de 80% dos cultivos agrícolas, incluindo café, feijão, morango, coco e melancia. Contudo, as abelhas enfrentam ameaças como desmatamento e uso de agrotóxicos.
“O maior benefício dos apicultores e meliponicultores é a preservação das espécies”, diz Elias. No Brasil, há cerca de 300 espécies de abelhas sem ferrão. Em Juiz de Fora, 283 enxames foram retirados da área urbana e levados para locais seguros, permitindo que as abelhas continuem seu ciclo de polinização.
Adauto Elias destaca que os apicultores atualmente focam em práticas sustentáveis. Antigamente, a extração do mel resultava na destruição das colmeias, reduzindo as populações de abelhas. Hoje, a qualidade de vida das abelhas e o manejo adequado das colmeias são prioritários para uma produção orgânica e rentável. A apicultura e a meliponicultura são realizadas sem desmatamento, permitindo seu cultivo em áreas de preservação ou junto com outras atividades agropecuárias.
Elias também teve que recuperar e preservar a mata nativa de sua propriedade, o que aumentou a produtividade de mel silvestre e ajudou a recuperar nascentes e fornecer abrigo a animais silvestres. “As abelhas foram fundamentais na minha formação, ensinando sobre organização e convivência social. Realizei projetos de recuperação de áreas degradadas e sempre conscientizo outros apicultores sobre a importância da preservação da natureza”, relata.
Há mais de 20 mil espécies de abelhas no mundo, sendo as melíferas, que produzem mel, as mais conhecidas. Na América Latina, predominam as meliponas ou abelhas sem ferrão, importantes para a polinização de plantas nativas. O mel das meliponas é valorizado tanto na alimentação quanto na medicina.
Elias explica que cada colmeia produz cerca de 25 kg de mel por ano. Além do mel, o veneno das abelhas é usado na apiterapia para tratar reumatismo, artrose e varizes. “Para uma boa produção de mel, é necessário um equilíbrio na natureza, o que torna os apicultores verdadeiros preservacionistas”, conclui.
Em comemoração ao Dia Mundial da Abelha, em 20 de maio, e ao Dia do Apicultor, em 22 de maio, Juiz de Fora sediará eventos na Casa das Colmeias, com palestras e café da manhã no dia 18, das 8h30 ao meio-dia. Interessados podem se inscrever pelo telefone (32) 3215 0071 ou acessar este site. Haverá palestras sobre os benefícios do mel e pólen de abelhas sem ferrão, ministrada pela nutricionista Sabrina Sena, e sobre o manejo dessas abelhas, por Dionísio Jansen.
Em 16 de julho, a Apijur promoverá um encontro no Restaurante Rancho Alegre, com palestras e outras atividades, reunindo mais de cem apicultores e meliponicultores do estado.
fonte: https://tribunademinas.com.br/especiais/biosfera/18-05-2024/abelhas.html